Uma dupla personalidade


Espanha luta para se afastar da crise do euro, que já atingiu Grécia, Portugal e Irlanda


A crise da dívida europeia já atingiu Grécia, Irlanda e Portugal. Mas o verdadeiro temor é o de que ela chegue até uma grande economia. A Espanha, cujo PIB é equivalente a quase o dobro do dos três países resgatados juntos, é, há muito tempo, motivo de preocupações.

Embora tenha entrado na crise com uma dívida pública relativamente baixa – apenas 36% do PIB – em 2007, estima-se que esses números subirão até 68% até o fim de 2011, graças aos grandes déficits. Pior, a Espanha compartilha de várias das fraquezas das menores economias, como a perda de competitividade, e grandes déficits de conta-corrente.

A ameaça imediata de contágio da Grécia diminuiu no dia 29 de junho, quando o Parlamento grego aprovou um plano de aumento da política de austeridade, abrindo caminho para que o país recebesse um novo resgate econômico. Mas assim como os problemas da Grécia não desapareceram, a Espanha ainda tem uma economia a acertar. Existem, na prática, duas Espanhas, uma vibrante e outra enferma. Reforçar a primeira e recuperar a segunda exigirá reformas dolorosas.

Um exemplo dessa dualidade é o controle fiscal do governo central comparado com as das 17 regiões No ano passado, o centro teve que compensar os desequilíbrios regionais, o que permitiu que o déficit geral caísse, como planejado, de 11% do PIB em 2009 para apenas 9%, no primeiro ano do programa de austeridade tardiamente introduzido pelo governo de José Luis Rodríguez Zapatero. Mas o próximo marco na jornada rumo à sobriedade fiscal – um déficit de 6% no PIB deste ano – pode ser mais difícil de ser colocado em prática. Números revelados no dia 30 de junho não revelaram progressos no primeiro trimestre de 2011.

“As regiões têm uma autonomia fiscal considerável, então é importante que seu esforço esteja alinhado com o do governo central”, diz o ministro da economia, José Manuel Campa. O governo central pode exercer controle indiretamente, por meio de metas de déficit e usando seu direito de vetar empréstimos. Mas Juan José Toribio, um ex-diretor da Escola de Administração IESE, em Madri, teme que essas ferramentas sejam ineficazes, e acredita que as regiões precisam de limites em seus gastos.

Outra dualidade está no sistema bancário. Analistas afirmam que o Estado espanhol pode ser obrigado a despejar mais dinheiro nos bancos do que os € 25 bilhões, ou 2,5% do PIB, atualmente estimados como valor total da conta do gigantesco boom imobiliário, e de seus subsequente declínio (o valor do resgate bancário da Irlanda foi superior a 40% do PIB).

O programa de austeridade e as reformas bancárias são medidas na direção certa, mas nenhum deles funcionará se a economia continuar estagnada. A recuperação até agora tem sido uma decepção. O PIB espanhol teve um crescimento de 0,3% no primeiro trimestre, enquanto a média da zona do euro foi de 0,8%. Os índices de desemprego dispararam no país, se tornando os mais altos da União Européia.

Fonte: The Economist

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