CULTURA - Um novo jeito de fazer teatro surge no Reino Unido
“Um espetáculo teatral sem sangue, não é um entretenimento”, gritou Netia Jones, quando um dos personagens de Shakespeare deu um salto e caiu com um baque seco no palco. “Oh! você está bem?”, perguntou ansiosa. Essa jovem diretora de ópera inglesa é uma perfeccionista e exige uma precisão milimétrica na coordenação entre luz e som. Mas como criadora e principal expoente de uma nova forma de arte teatral, seu rigor é mais que justificado.
Filha de um pai organista e de uma mãe artista, Netia estreou no teatro aos dez anos em uma produção de “Peter Grimes” de Benjamin Britten. Um estágio na English National Opera reforçou a obsessão pelo efeito do som e luz em um espetáculo teatral. “A ideia de um mundo visual e musical como uma forma diferente de expressão artística sempre me fascinou”, disse ela.
Depois de estudar línguas modernas em Oxford e trabalhar em produções teatrais, Netia foi convidada a encenar a ópera “Hansel e Gretel” de Engelbert Humperdinck. Durante a montagem, ela começou a experimentar uma nova técnica baseada na luz projetada, como em um filme, em diferentes partes do palco. A sincronização das imagens projetadas com os movimentos dos artistas no palco e com a música da orquestra acentuava a dramaticidade da cena.
Todos esses efeitos são produzidos com a minúcia dos dedos de uma pianista no laptop de Netia. Com o uso de um software de vídeo e filme, as teclas em seu computador controlam todas as diferentes facetas do movimento, cor e comportamento da luz projetada no palco em sincronia com os artistas.
Na segunda quinzena de junho essa artista prolífica apresentará duas novas montagens quase ao mesmo tempo. Na cidade norueguesa de Bergen, a ópera “Messias” de Handel terá o texto em letras góticas da Versão Rei Jaime da Bíblia projetado em um palco vazio. Poucos dias depois, na sala de concertos Snape Maltings, perto de Aldeburgh, Reino Unido, ela estreará sua produção da ópera de Benjamin Britten “Sonho de uma noite de verão” baseada na peça de Shakespeare.The Economist
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