ELEIÇÕES MUNICIPAIS... Brasileiros cansaram da política tradicional, diz ‘WSJ’

No pleito, partidos antigos perderam votos para novatos no mundo político (Foto: pstu.org)

Um artigo publicado na última terça-feira, 25, no jornal Wall Street Journal, analisa a frustração da população brasileira com a classe política dominante do país. Segundo o texto, os eleitores brasileiros estão cansados da “velha política” e provaram isso nas eleições municipais deste ano, nas quais partidos tradicionais perderam apoio e novatos no mundo político ganharam ascensão.

“O partido de Michel Temer, o PMDB, tem poucas chances de obter vantagem nas eleições de 30 de outubro. […] O PT sofreu uma derrota clara, perdendo metade dos 644 assentos que ganhou no primeiro turno das eleições de quatro anos atrás. […] Entre os grandes partidos, o maior vencedor do primeiro turno das eleições foi o conservador PSDB, que angariou votos da classe média se apresentando como antagonista na política de livre mercado”, diz o jornal.

Segundo o texto, a eleição de candidatos que não fazem parte do ramo político tradicional expõe o cansaço dos eleitores com os parlamentares de longa data. O principal exemplo é João Dória, que obteve uma vitória esmagadora no primeiro turno de São Paulo. “Na maior metrópole do país, o atual prefeito Fernando Haddad perdeu para João Dória, um rico empresário sem nenhuma experiência política”. Vale lembrar que em muitas ocasiões Dória disse que não é um político, mas sim um gestor, o que o fez conquistar mais apoio da população.

“O desencantamento com o Governo Federal, visto como corrupto e ineficaz, gerou as eleições com a menor taxa de reeleições da história do país em 2 de outubro”, diz o jornal, que também ressalta que o pleito foi campeão em ausências de eleitores e votos nulos.

“Para completar, mais de 70% do eleitorado diz não ter preferência por um partido político, um percentual recorde, segundo Mauro Paulino, diretor do Datafolha”, diz o texto. Em entrevista ao jornal, Paulino disse que “isso expressa claramente o cenário antipolítica”.

Segundo Carlos Melo, cientista político do instituto Insper, de São Paulo, a situação pode ser benéfica, pois a estrutura de coalizão da política brasileira torna difícil para novatos obterem ascensão. Porém, ele alerta que “levará tempo para que eles provem que são capazes de trazer renovação”.

Para Lara Mesquita, professora da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), o descontentamento com a política é um fenômeno global, e não algo restrito ao Brasil. Ela compara a frustração dos eleitores brasileiros ao Brexit britânico e aos protestos na Grécia e na Espanha. “Há uma crise de representatividade que é um fenômeno (global) contemporâneo”, disse ela ao “WSJ”.

Wall Street Journal

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