COMÉRCIO EXTERIOR

Mercosul e Aliança do Pacífico estudam aproximação

Aproximação vem sendo discutida desde 2014 (Foto: Flickr/Calle2)

O Mercosul e membros da Aliança do Pacífico na América do Sul estudam uma aproximação. O anúncio foi feito pela presidente do Chile, Michelle Bachelet.

Em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, Bachelet confirmou que está marcada para o próximo dia 7 de abril, em Santiago, uma reunião entre chanceleres sul-americanos dos dois blocos, onde será traçado um plano de aproximação.

“Fizemos uma proposta ao Mercosul e vamos ver quais são os elementos sobre os quais eles poderão aceitar para seguir avançando. Já estamos trabalhando em uma aproximação desde o ano passado e agora esperamos um protocolo de acordo. No dia 7 de abril nos reuniremos e vamos avaliar onde é que podemos avançar”, disse Bachelet.

Entre os assuntos que serão discutidos está a redução de tarifas de importação, conhecida como desagravação tarifária. Tal proposta vem sendo discutida desde 2014 e deve ser implantada já em 2019.

Segundo Bachelet, o encontro entre os blocos visa retomar a integração entre os países do continente, que segundo ela, vive um momento de inflexão gerado por escândalos de corrupção e redução do crescimento por conta da queda nos preços das commodities. Este ano, após dois anos de retração, o PIB da América do Sul está previsto para crescer 1,3%. Diante disso, Bachelet vê a aproximação entre os blocos como “algo muito bom”. “O que nunca desejamos é que estejam de costas o Pacífico e o Atlântico”, disse a presidente.

Fontes diplomáticas ouvidas pelo jornal afirmaram que o governo brasileiro comparecerá ao encontro “sem tabus” e disposto a falar sobre “todos os assuntos de integração”.

Proposta antiga

A proposta de aproximação vem sendo estudada desde 2014, quando o presidente colombiano Juan Manuel Santos esteve no Brasil para assistir a partida Colômbia X Costa do Marfim, pela Copa do Mundo, e depois se reunir no Palácio da Alvorada com Dilma Rousseff. Na época, Santos tentou dissipar a ideia de rivalidade entre os dois blocos, afirmando que a Aliança do Pacífico “não é contra ninguém” e que “uma sinergia com o Mercosul seria bem-vinda.

No entanto, apesar das afirmações de Santos, especialistas afirmam que o Brasil sempre se incomodou com a propaganda da Aliança do Pacífico como um bloco rival à suposta ideologização do Mercosul. Foi nesse contexto que, em 2014, membros do Mercosul se reuniram em Caracas para discutir a proposta de redução de tarifas para os países latinos que integram a Aliança do Pacífico. A ideia visava reafirmar o protagonismo brasileiro e provar que o que norteia as ações do Mercosul é a integração, não a ideologia. No entanto, isso não muda o fato de que as duas maiores economias do Mercosul, Brasil e Argentina, são também as mais protecionistas.

Efeito Trump

Embora seja antiga, a ideia de aproximar o Mercosul e a Aliança do Pacífico sempre caminhou vagarosamente e com muita cautela. Porém, a chegada de Donald Trump à Casa Branca, com suas declarações anti-globalização e pró-protecionismo deixaram em alerta parceiros comerciais da América do Sul, que aceleraram os esforços para buscar parcerias alternativas.

Tal fato iniciou um movimento a passos largos em direção à integração regional como forma de se blindar contra o protecionismo americano. Em fevereiro deste ano, o presidente argentino Mauricio Macri se reuniu com Michel Temer em Brasília para impulsionar as negociações de um acordo entre a União Europeia e o Mercosul, proposta que se arrasta há mais de uma década.

Na entrevista dada ao Estado de S. Paulo, Bachelet, sem citar Trump, classificou o “neoprotecionismo” e o discurso anti-comércio como “problemas reais”. “A globalização é irreversível, ainda que tenhamos de corrigir seus desvios”, disse a presidente chilena.BBC

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