REDE PÚBLICA X SAÚDE PÚBLICA

Mais de dez mil leitos pediátricos são desativados em seis anos

Segundo a presidente da entidade, o grande problema é a falta de investimento do Ministério da Saúde na área (Foto: Pixabay)

Os números de leitos infantis despencaram entre 2010 e 2016. O Sistema Único de Saúde (SUS) fechou quase 10, 1 mil leitos de internação em pediatria clínica (para pacientes de 0 a 18 anos) durante o período. O número diminuiu de 48,2 mil vagas, em 2010, para 38,1 mil em 2016. Os dados fazem parte de um levantamento inédito feito pela Sociedade Brasileira de Pediatria.

Recém-nascidos em estado grave precisam ficar em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) neonatais. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, são necessários ao menos quatro leitos do tipo por mil nascidos vivos. No entanto, o levantamento revela que a taxa atual no país é de 2,9 por mil nascidos, resultando num déficit de 3,2 mil leitos.

“É uma situação gravíssima porque as crianças muitas vezes chegam a um serviço de pronto-socorro e não têm para onde ser encaminhadas. Sofrem a família, a criança e a equipe médica”, afirma Luciana Rodrigues Silva, presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Segundo a presidente da entidade, o grande problema é a falta de investimento do Ministério da Saúde na área. “Muitos serviços estão fechando as portas por uma questão financeira. Há ainda casos de unidades desativadas porque não têm profissionais suficientes no quadro.”

No Tocantins, por exemplo, não há serviço que faça cirurgia cardíaca infantil. O governo estadual depende da liberação de vagas em Goiás, que também enfrenta déficit de leitos.

“Como não há serviço organizado aqui, sempre que surge paciente com essa necessidade, o estado fica no escuro, tentando resolver de última hora e achar a vaga em outros locais”, explica Maria Roseli de Almeida Pery, promotora do Ministério Público Estadual do Tocantins.

A situação é crítica até em São Paulo, estado mais rico do país. O estado foi o que mais perdeu leitos pediátricos no período. Para piorar, a Defensoria Pública acumula casos de crianças da capital que só conseguiram vagas por decisão judicial ou cuja sentença favorável chegou tarde.

“A fila é a coisa mais cruel que existe porque quem cuida da regulação dos leitos acaba tendo que brincar de ser Deus, organizando por gravidade os que vão conseguir”, afirma Flávio Américo Frasseto, defensor público da Infância e Juventude.Estadão

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