SAÚDE - Agência americana relaciona nove mortes por câncer raro a implantes mamários

Um implante mamário pode ter a superfície texturizada ou lisa e pode ser de silicone ou de solução salina (Foto: Wikimedia)

O órgão americano Food and Drug Administration (FDA), que tem a função de controlar os alimentos e medicamentos comercializados nos EUA, afirmou que um câncer raro, primeiramente relacionado com implantes mamários em 2011, agora esta sendo associado a nove mortes.

A agência já recebeu um total de 359 relatos de câncer associado aos implantes. As mortes não foram causadas por câncer de mama, mas por outro tipo de câncer que ataca o sistema imunológico. O tumor é conhecido como “linfoma anaplásico de grandes células”. Em casos relacionados com os implantes, esta forma rara de câncer cresce na mama, geralmente no tecido cicatrizado que se forma ao redor de um implante.

A doença não é novidade. Em 2015, o Instituto do Câncer da França já tinha divulgado um estudo, dizendo que implantes nos seios poderiam causar um tipo raro de tumor no sistema linfático. A França chegou a pensar em proibir as próteses mamárias. No entanto, a proibição não ocorreu, já que mulheres sem implantes também podem ter a doença. Entre 2011 e 2016, 18 casos deste câncer foram registrados no país, e uma delas morreu.

A doença e o implante

A doença é geralmente tratável e muitas vezes não é fatal. Em muitos casos quando o linfoma acontece, basta retirar o implante e o tecido ao redor dele para eliminar a doença. Mas algumas mulheres podem precisar de quimioterapia e radioterapia.

Um implante mamário pode ter a superfície texturizada ou lisa. A agência americana acredita que a doença seja mais propensa a ocorrer em quem tem implantes texturizados, que são mais comuns. Dos 359 casos relatados nos Estados Unidos, 231 incluíam a informação sobre o tipo de superfície. Destes, 203 eram texturizados e 28 eram lisos. O conteúdo do implante pode ser de gel silicone ou de uma solução salina. No entanto, o conteúdo não parece ser relevante para o problema. Afinal, dos 312 casos dos quais se sabia o conteúdo do implante, 186 eram de silicone e 126 eram de solução salina.

A agência disse que é impossível saber o número exato de casos por conta do número limitado de relatos e pela falta de dados mundiais sobre implantes. Cerca de 290 mil mulheres nos Estados Unidos colocaram implantes para aumentar os seios em 2016 e 109 mil receberam os implantes para reconstrução depois do câncer de mama, segundo a Sociedade americana de Cirurgias Plásticas.

O FDA disse aos médicos para considerar a possibilidade de linfoma em mulheres que começarem a ter problemas mamários tempos depois de um implante. A agência também ressaltou que se uma mulher com implante não tiver problemas, não há motivo para retirá-los, já que o linfoma parece ser muito raro. No entanto, as mulheres que recebem implantes devem estar cientes da possibilidade desse problema ocorrer, além do risco maior em implantes texturizados.

Segundo dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética de 2015, o Brasil está em segundo lugar no ranking mundial de cirurgias plásticas, perdendo apenas para os Estados Unidos. No ranking de procedimentos mamários, o Brasil (12,9% do total mundial) também está em segundo lugar, atrás dos Estados Unidos (19,6% do total mundial). Na época do estudo francês, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) publicaram uma nota conjunta, dizendo que não havia necessidade de alarde em relação aos implantes mamários. Resta saber se o anúncio do FDA vai mudar a postura do Brasil em relação aos procedimentos.The New York Times



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