CORTE ORÇAMENTÁRIO

EUA pode cortar ajuda externa no combate a doenças

O país é responsável por aproximadamente dois terços do financiamento mundial de prevenção e tratamento da Aids (Foto: Wikimedia)

O governo de Donald Trump quer fazer cortes de até 37% nos orçamentos do Departamento de Estado e da Agência para o Desenvolvimento Internacional (Usaid). A proposta dos cortes orçamentários tem sentido do ponto de vista político. O custo da ajuda externa do governo é uma das despesas mais impopulares entre o eleitorado.

No entanto, a aprovação dos cortes depende de muitos fatores complexos, sobretudo quando se trata do Plano de Emergência do Presidente dos EUA para Alívio da Aids (PEPFAR), porque pode significar a morte de milhares de pessoas.

O combate ao HIV equivale a cerca de US$7 bilhões do orçamento de US$34 bilhões da ajuda econômica externa dos EUA. O país é responsável por aproximadamente dois terços do financiamento mundial de prevenção e tratamento da Aids, em especial na África subsaariana. E outras doações representam 80% dos recursos destinados aos programas de combate ao HIV na região.

Em países como Etiópia, Gana, Guiné, Malawi, Namíbia e Tanzânia, os tratamentos com medicamentos antirretrovirais são financiados por doações. Um corte drástico no orçamento da ajuda externa dos EUA afetaria não só a atuação do PEPFAR, como também influenciaria o papel dos doadores e, em consequência, o número de pessoas que estão sendo tratadas com medicamentos antirretrovirais diminuiria.

Os pacientes com o sistema imunológico debilitado pelo HIV antes do início do tratamento, ou os que haviam começado o tratamento, seriam os primeiros a morrer com a interrupção da distribuição dos medicamentos antirretrovirais. Só metade dos pacientes europeus com o sistema imunológico enfraquecido ao serem diagnosticados com HIV sobreviveu mais de um ano na década de 1980, antes que os medicamentos antirretrovirais, que impedem a multiplicação do vírus, fossem lançados no mercado.

Portanto, com os cortes no PEPFAR alguns pacientes morreriam no período de um ano. Se o PEPFAR não destinar mais verbas para o tratamento de um terço dos 11 milhões de pessoas atendidas pelo programa, o número de mortes se elevaria a 3 milhões. Muitos pacientes em tratamento são mulheres grávidas e mães com filhos recém-nascidos. A interrupção da distribuição de medicamentos antirretrovirais aumentaria o número de órfãos soropositivos.

Outras atividades financiadas pela ajuda externa, que salvam mais vidas com um custo menor não têm essa característica de ser a causa direta da morte de milhões de pessoas, como no caso da Aids. Os Estados Unidos participam dos programas mundiais de combate e erradicação da malária. Na Zâmbia, o custo de um dólar na compra de mosquiteiros para prevenir a transmissão da malária é 33 vezes tão eficaz quanto os gastos com medicamentos antirretrovirais. Os cortes de financiamento para o combate à malária aumentarão os casos fatais da doença, mas não como resultado direto e imediato de um corte orçamentário.The Economist

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A surpreendente cratera de Xico

Por que não enxergamos estrelas verdes ou roxas?

Egípcia posa nua em blog e provoca indignação