COMÉRCIO FLUVIAL - Paraguai, uma improvável potência naval

Dois grandes rios são as artérias do país: o Rio Paraná e o Rio Paraguai (Foto: Wikimedia)

O Paraguai é chamado às vezes de “coração da América do Sul”. Nesse caso, dois grandes rios são suas artérias. Além da abundância da energia hidrelétrica, os rios Paraná e Paraguai são a força vital da pequena economia comercial do país. Na ausência de ferrovias e boas estradas, as vias navegáveis garantem a independência logística de seu comércio. O Paraguai, um país com apenas 7 milhões de habitantes, orgulha-se de ter a terceira maior frota de barcaças e rebocadores do mundo, atrás dos Estados Unidos e da China com, respectivamente, 319 milhões e 1,4 bilhão de habitantes.

Nos arredores da capital, Assunção, uma grande quantidade de farinha de soja armazenada em um silo aguarda o carregamento. Em um cais, um guindaste retira a carga de caminhões Isuzu japoneses de um cargueiro de contêineres. Em Puerto Fénix, o comércio teve um crescimento de 75% nos últimos oito anos, disse o gerente de operações, Pablino Gómez. Puerto Fénix é um porto privado, como a maioria dos portos do país. Ao contrário de muitos países, o Paraguai permite que pessoas físicas e empresas comprem terras à margem dos rios para construir portos e, com esse incentivo, a concorrência é enorme.

Há 20 anos, 15 comboios com 20 a 30 barcaças faziam a rota do Brasil através do Paraguai até o mar no Uruguai e Argentina, lembra Fernando González da companhia de navegação Naviship. Hoje, 200 rebocadores puxam cerca de 2.200 barcaças, a maioria transportando soja e outras commodities. Muitas embarcações pertencem a empresas estrangeiras, entre as quais empresas argentinas, com sede no Paraguai, que se beneficiam dos baixos impostos.

A arrecadação menor de impostos significa um investimento mais reduzido na melhoria dos serviços públicos. Quando as autoridades locais não se preocuparam com a manutenção de uma estrada de terra que ligava Puerto Fénix a uma autoestrada, a administração do porto pagou para asfaltá-la. Às vezes, as barcaças encalham prejudicando o fluxo de mercadorias, quando o governo não draga os locais críticos dos rios.

Mas o comércio fluvial ficou mais instável. Desde o início da recessão da economia brasileira em 2014, o comércio de commodities na região diminuiu, apesar das exportações agrícolas ao sul. As barcaças precisam transportar o máximo de carga possível a fim de ter lucro. Agora, algumas lutam com dificuldade para manter suas atividades regulares. Nos meses de março e abril o transporte de mercadorias para Assunção, onde a maioria seria transportada em caminhões para o Brasil reduziu-se a tal ponto, que dois dos três cargueiros de contêineres da Naviship não saíram do porto.The Economist

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