EDUCAÇÃO - O desafio da educação de estudantes imigrantes

Os filhos de pais nascidos no exterior estão em média um ano atrás de outras crianças nos estudos, independente da renda familiar (Foto: Pixabay)

A tensão causada pela expectativa de estudar em uma nova escola é ainda maior no caso de estudos em um país estrangeiro. Os imigrantes enfrentam uma dupla desvantagem. Em geral, estudam em escolas problemáticas. E, pelo menos no início, têm dificuldade em alternar as línguas faladas em casa e na sala de aula. Dois terços de alunos imigrantes falam uma língua diferente em casa. Em uma proporção de quase um em cada dois imigrantes de segunda geração mantém esse hábito.

Não surpreende, portanto, que tantos imigrantes tenham tido dificuldade em fazer os últimos testes do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa). Os filhos de pais nascidos no exterior estão em média um ano atrás de outras crianças nos estudos, independente da renda familiar. Mas a avaliação dos alunos em uma série de testes é variável (ver gráfico). Na Austrália e no Canadá os estudantes cujos pais nasceram no exterior têm um desempenho melhor nos testes de ciências, do que outros jovens de pais nativos.

As origens dos imigrantes têm uma grande importância. A segunda geração de imigrantes do Leste Asiático na Austrália está em média 2,5 anos à frente de estudantes de pais australianos. Esses jovens de origem asiática têm um nível educacional superior aos estudantes em Cingapura, o país com o melhor desempenho na avaliação do Pisa, embora os resultados em geral na Austrália tenham caído no ranking do exame.Os imigrantes de países europeus têm uma defasagem ainda maior. Na Alemanha as duas primeiras gerações de imigrantes estão, respectivamente, cerca de 2,5 e 1,5 anos atrás de adolescentes de pais de origem alemã, mesmo com um histórico econômico diferente. Os resultados são semelhantes na Finlândia, um país elogiado pela igualdade de seu sistema educacional.

No entanto, o país onde o aluno frequenta a escola é ainda mais importante do que seu país de origem, disse Andreas Schleicher, superintendente de educação da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Alunos nascidos na Turquia que frequentam a escola na Alemanha têm quase dois anos de atraso nos testes de ciências, em comparação com os imigrantes turcos na Holanda, depois da adaptação a diferentes contextos econômicos.

A política educacional também faz diferença. As creches e as aulas extras de línguas ajudam as crianças a recuperar o atraso. A seleção com base na capacidade acadêmica dá aos imigrantes mais tempo para compensar a defasagem de sua formação escolar. Não deixá-los repetir o ano tem o mesmo efeito.

As políticas de admissão também são importantes. É preciso evitar a concentração de imigrantes em determinadas escolas, porque é prejudicial ao desenvolvimento acadêmico deles. É possível que essa política de ingresso escolar também ajude as crianças nativas mais pobres.

A tarefa de proporcionar uma educação melhor aos imigrantes é urgente, sobretudo na Europa. A proporção de estudantes de origem estrangeira nos últimos testes do Pisa aumentou de 9,4% em 2006 para 12,5% em 2015. A tendência é de um aumento ainda maior em razão do número de refugiados que pediu asilo na Europa, em 2015 e 2016.

Uma pesquisa realizada pela OCDE no ano passado mostrou que cerca de 80% da segunda geração de imigrantes sente-se bem na escola. Porém os que têm mais dificuldade de adaptação causam preocupação. Na França, por exemplo, só 40% da segunda geração de imigrantes não se sente deslocada no ambiente da escola. É um alto índice de inadaptação entre pessoas que convivem no mesmo país.The Economist

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