DOMINADO POR HOMENS - A falta de mulheres no setor de informática dos EUA

Uma pesquisa revelou que só metade das meninas do ensino fundamental pensava em trabalhar com computadores e tecnologia da informação (Foto: )

Apesar da promessa do presidente eleito de recuperar milhares de empregos bem remunerados para os Estados Unidos, cerca de 500 mil postos de trabalho com salários de US$100,000 ou mais por ano já são oferecidos aos americanos. Especialistas em tendências do mercado de trabalho acreditam que as ofertas de empregos no setor de informática e de tecnologia da informação (TI) podem chegar com facilidade a um milhão em 2020. O número de jovens americanos com graduação em TI está aumentando, mas não com a rapidez suficiente para atender à demanda crescente desse tipo de profissional. No ano passado, menos de 56 mil jovens se formaram nas universidades americanas com as qualificações exigidas pelas empresas de tecnologia da informação (TI).

É provável que a exportação de muitos desses postos de trabalho para a Ásia continue em ritmo acelerado, não importa o que Donald Trump possa ter em mente. O presidente eleito ameaçou impor uma tarifa de importação de 35% aos produtos que as empresas americanas fabricam em países estrangeiros. Com a produção de smartphones, tablets e outros dispositivos na Ásia com componentes fabricados na China, Taiwan e Japão, a Apple está em uma posição extremamente delicada. Os fornecedores asiáticos da empresa empregam 1,6 milhão de pessoas na fabricação de produtos da Apple. Trump quer que a empresa californiana produza pelo menos alguns de seus iPhones e iPads nos EUA, e não na China.

Além disso, existe o problema da força de trabalho. Trezentos e cinquenta mil engenheiros se formam na China por ano. É claro, muitos não se comparam em conhecimento, capacidade analítica ou até mesmo em experiência com o número bem menor de graduados em engenharia das universidades americanas e europeias. Mas o acesso a esses milhares de soldados bem treinados permite que as empresas chinesas fabriquem componentes eletrônicos baratos usados em produtos da Apple e de outras empresas, que são vendidos em outros lugares.

Existe uma solução para esse problema específico: o ingresso de um número maior de mulheres no setor de TI. No segundo semestre de 2016, cerca de 20,7 milhões de alunos matricularam-se em universidades nos EUA, dos quais 11,7 milhões eram mulheres. Se essa tendência continuar, muitas dessas jovens, após concluírem os estudos, irão trabalhar na área de ciências humanas e sociais, um campo em que as mulheres representam 47% da força de trabalho, em serviços comunitários (65%) e em educação (73%). Uma minoria irá se graduar em ciência da computação e tecnologia da informação (34%), segundo a Computing Technology Industry Association (CompTIA) de Downers Grove, Illinois. Se fosse possível atrair mais mulheres para esse setor, o problema de fornecimento de mão de obra capacitada desapareceria.

No entanto, seria necessário promover uma mudança cultural radical, porque as meninas logo nos primeiros anos escolares, quando as crianças começam a pensar no que gostariam de fazer na idade adulta, sentem-se desestimuladas diante da perspectiva de incluir o estudo de TI no currículo escolar. Uma pesquisa encomendada em meados do ano pela CompTIA revelou que só metade das meninas do ensino fundamental, em uma proporção de 23% contra 47% de garotos, pensava em trabalhar com computadores e tecnologia da informação. Do mesmo modo, 29% das meninas disseram que a tecnologia era sua matéria preferida, em comparação com 55% dos rapazes. Quando ingressavam no ensino médio o desinteresse pelo estudo de TI era ainda maior entre as jovens.

O que as desmotiva? No início da carreira existem poucas diferenças de salários anuais, em geral de US$6,000, entre homens e mulheres. Nem o desestímulo é causado pelo notório machismo no setor. Esses preconceitos, embora reais, só surgem em estágios posteriores. Mas as meninas são criadas com estereótipos negativos em casa, na escola e na televisão em relação às ciências exatas e à tecnologia. É provável que um dos estereótipos mais prejudiciais seja a visão, apesar de errônea, que os meninos aprendem matemática com mais facilidade. Apesar de terem uma capacidade maior de raciocínio espacial, isso não significa que sejam melhores em desenvolver aplicativos ou redes de dados.The Economist

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