SAÚDE - Por que a hanseníase ainda é um problema no Brasil?

Campanha de conscientização de 2014 (Foto: Ministério da Saúde)

Apesar da hanseníase já ter sido controlada em grande parte do mundo, o Brasil ainda não faz parte dessa lista. Anualmente, são registrados 30 mil novos casos da doença. O país só perde para a Índia, onde são registrados 126 mil casos por ano.

O Maranhão é líder em casos absolutos no Nordeste e segundo no país (está atrás apenas de Mato Grosso), com cerca de 3,5 mil novos casos por ano relatados ao Ministério da Saúde. Dos 217 municípios maranhenses, apenas 17 não relataram casos de hanseníase em 2015. No entanto, as pessoas podem simplesmente ainda não ter descoberto a doença.

No final de novembro, a situação da doença no Maranhão e em estados mais afetados foi um dos principais temas do 9º Simpósio Brasileiro de Hansenologia, que ocorreu em São Luís.

A pobreza e os baixos índices sociais, assim como a falta de médicos, estão entre as principais dificuldades para lidar com o problema. A hanseníase é uma doença crônica e infectocontagiosa que atinge pele e nervos periféricos. Geralmente, ela é transmitida por pessoas doentes que não estão em tratamento. Apesar de ter cura, ela pode provocar graves incapacidades físicas se o diagnóstico demorar ou se o tratamento for inadequado. O tempo entre contágio e aparecimento dos sintomas varia de dois a cinco anos. O contágio se dá por via aérea. O bacilo de Hansen causador da doença pode ser passado por tosse, espirro e secreção nasal. Porém, 90% da população tem defesa natural contra ele. Logo, o contágio depende muito das condições nutricionais, de higiene e de educação. Quanto mais baixa a imunidade, maior o risco.

O Maranhão, por exemplo, é um dos estados com piores índices sociais do país. Apenas 2% dos pacientes de hanseníase registrados no estado de 2000 a 2012 tinham curso superior completo. “Essa é uma doença de pobre”, enfatiza Maria Leide de Oliveira, coordenadora do Sistema de Informação Geográfica (SIG) de Hanseníase da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) registrou pouco mais de 175 mil casos no mundo no final de 2015, mas considera a doença sob controle desde 2000, já que o índice de prevalência é inferior a um caso para cada 10 mil habitantes. No Brasil, o índice já recuou mais de 70% nos últimos 12 anos e ficou em 1,01 em 2015. Contudo, no Maranhão, por exemplo, estava em 3,76 em maio passado. Para piorar, o Maranhão também lidera em casos entre menores de 15 anos. São cerca de 400 por ano, ou 12% do total do estado.

O tratamento da hanseníase é relativamente simples. Diagnosticado, o paciente recebe de graça medicamentos de ingestão oral padronizados pela OMS. É a chamada polioquimioterapia (PQT), que mata 90% dos bacilos de Hansen na primeira dose. As doses seguintes podem se estender por seis meses a um ano, a depender se o caso é paucibacilar (poucos bacilos) ou multibacilar (muitos bacilos). Se seguir o tratamento à risca, a pessoa recebe alta por cura. No entanto, o que perdeu de sensibilidade, acuidade e força pode ter perdido para sempre. Por isso o diagnóstico precoce é importante.

Para piorar a situação, há baixa notificação da doença em parte por conta da falta de médicos em áreas mais remotas. O Maranhão, segundo o Conselho Federal de Medicina, detém a menor taxa de médicos do país: 0,79 para cada mil habitantes. No entanto, mesmo nos centros em que há mais profissionais da saúde, é grande o desconhecimento da doença.BBC

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