CORRIDA ESPACIAL - Por que há uma nova corrida espacial à Lua?

Desde a chegada do homem à Lua, satélite é pouco explorado (Foto: Wikipedia)

Após quase 50 anos da primeira viagem do homem à Lua, que intensificou a corrida espacial em meio a Guerra Fria, o satélite natural da Terra volta a fazer parte dos planos das principais agências espaciais do mundo. Com isso, a promessa de anos da construção de uma base lunar pode se tornar realidade nas próximas décadas.

Desde o pouso de Neil Armstrong, Edwin Aldrin e Michael Collins na Lua, o satélite foi pouco explorado e a presença do homem ficou basicamente resumida em pegadas. No entanto, a exploração da Lua tem sido cada vez mais vista com bons olhos e diversas iniciativas públicas e privadas têm anunciado ideias ambiciosas, como planos de colonização.

Recentemente, a China anunciou que fará uma missão robótica para coleta de amostras em 2017 e pretende pousar no lado oculto do satélite (que não pode ser visto da Terra) em 2018. Enquanto isso, a Rússia tem planos para pousar a sua primeira nave tripulada na Lua até 2031.

Já os Estados Unidos não anunciaram os projetos para a Lua, mas em julho deste ano autorizaram a empresa privada Moon Express a fazer missões espaciais no satélite. Além disso, a NASA pediu para companhias do setor privado sugestões de experimentos que podem ser feitos por lá.

Poder

Para especialistas, a nova corrida espacial em direção à Lua tem como principal motivador a disputa por poder, assim como durante a Guerra Fria. “Devemos lembrar que foram os russos (então União Soviética) os primeiros a enviar um homem ao espaço – eles queriam militarizar o espaço – e os Estados Unidos se apressaram então em colocar um homem na Lua”, disse Leon Vanstone, especialista em aeromecânica da Universidade do Texas, em entrevista à BBC.

Entretanto, a disputa não está mais centrada em americanos e russos, já que os Estados Unidos, que dependem dos russos para avançar com seu programa espacial, não vivem um cenário favorável por conta de tensões políticas entre os dois países, e a China está crescendo como uma potência espacial militarizada.

Negócio lucrativo

Como explica o especialista em Direito Espacial Jill Stuart, da London School of Economics, o governo americano tem cada vez mais deixado o seu programa espacial na mão de empresas privadas, por conta de sua mentalidade capitalista. Dessa forma, Naveen Jain, um dos fundadores da Moon Express, enxerga infinitas possibilidades de exploração do satélite.

Entre elas, atividades de mineração, pacotes turísticos e venda de rochas lunares como pedras preciosas são algumas das diversas possibilidades. “A Lua é extremamente rica em recursos. Tudo pelo que brigamos na Terra está em abundância no espaço. Lutamos por terra, água e combustível, sem perceber que somos um pequeno ponto azul no espaço”, afirma o empresário.

Bases lunares de olho em Marte

Os planos das agências espaciais de futuramente explorar de Marte também fazem com que a Lua volte a ser atraente. Com possíveis bases lunares, o satélite pode servir como ponto estratégico de abastecimento para incursões no planeta vermelho.

Entretanto, a questão das bases lunares acende a polêmica em torno do direito de exploração do satélite. De acordo com um tratado internacional assinado em 1967, o espaço, incluindo a Lua e outros corpos celestes não podem ser alvo de reivindicação nacional.

Apesar de ser considerado território neutro, governos e empresas tentam encontrar brechas na legislação internacional. “Há dúvidas se as entidades não-estatais poderiam fazer essas reivindicações”, disse Stuart.

Entretanto, o fato de não poder reivindicar propriedade não impede que a Lua possa ser ocupada. Com isso, a possível instalação de bases lunares ocorreriam nos moldes da Antártida. “Você pode ter uma base lá, contanto que diga que o que está sob seus pés não é seu”, explica Stuart.BBC

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