ESTADOS UNIDOS - A dinastia Trump na Casa Branca

A mistura do governo de Trump e seus empreendimentos pessoais geram preocupação (Foto: Wikimedia)

Durante a campanha presidencial houve muitas discussões se as normas que orientam a democracia estavam sendo ignoradas ou reescritas. Essas discussões continuam desde que Donald Trump foi eleito presidente. Sua decisão de pôr três de seus filhos e uma ex-esposa na equipe de transição presidencial, e a história, mais tarde negada, de que pediu autorização secreta de segurança para eles, têm causado preocupação quanto ao papel que será exercido pelos filhos, as ex-esposas e a atual, Melania, assim que ele assumir o governo.

A mistura entre os empreendimentos públicos e privados de Trump é um retorno à maneira como os conflitos de interesses funcionavam no nível presidencial, antes da reforma do serviço público no século XX. No período anterior à reforma, os presidentes com frequência envolviam-se em empreendimentos pessoais paralelos ao governo.

Existiam poucas leis referentes à conduta do presidente para lidar com esses conflitos, mas a partir da presidência de Dwight Eisenhower em meados do século, a maioria dos presidentes transferiu seus ativos para fundos que administravam de forma independente o patrimônio e o capital de pessoas que ocupavam cargos públicos. Até o momento, Trump se recusou a seguir esse exemplo.

A preocupação não se refere tanto à administração das empresas de Trump por seus filhos enquanto ele cumpre o mandato presidencial, ou se as empresas irão se beneficiar com a associação óbvia com o presidente, embora as duas hipóteses possam acontecer. Ivanka Trump deu uma pequena demonstração desse conflito de interesses ao aparecer na primeira entrevista do pai na televisão após a eleição, usando uma pulseira vendida em sua joalheria.

As empresas de Trump não têm a cota de mercado ou a importância política do império televisivo de Silvio Berlusconi, por exemplo, quando assumiu o poder na Itália. Nem os Estados Unidos seguirão o caminho da Ucrânia, onde os oligarcas que exercem cargos políticos manipulam as leis para favorecer suas empresas.

Mas as pessoas poderão pensar que fazer negócios com as empresas de Trump será um meio de comprar influência, ou pelo menos a aparência de poder, exatamente o problema que prejudicou a imagem da Fundação Clinton, acusada de corrupção por Trump durante a campanha. Outro aspecto preocupante refere-se à forte dependência de Trump do conselho dos filhos. No momento em que for administrar o país, ao contrário da campanha presidencial, eles não estarão qualificados para aconselhá-lo. Os americanos, portanto, devem se preocupar mais com a competência do que com o nepotismo.The Economist

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