MACONHA LEGALIZADA - Setor da cannabis floresce nos EUA

Empresários qu produzem e comercializam maconha têm a perspectiva de legalização de seus empreendimentos (Foto: Flickr)

Em 8 de novembro, quatro estados dos EUA, entre eles a Califórnia, votaram pela liberação do uso recreativo da maconha. Outros quatro estados diminuíram a rigidez das regras para o uso medicinal. Cerca de três quintos da população dos Estados Unidos vive em estados que permitem o uso da maconha para fins recreativos ou medicinais.

Agora, os empresários que se dedicam à produção e à comercialização da maconha têm a perspectiva de legalização de seus empreendimentos. Na segunda semana de novembro os líderes do setor reuniram-se em Las Vegas para discutir a expansão de seus negócios. Eles já têm um mercado amplo e estável. Mais de 32 milhões de americanos consomem a droga. Com a legalização gradual de seu uso, o mercado irá atrair mais usuários. “É raro ver o potencial de um empreendimento e apostar em seu sucesso”, disse Brendan Kennedy da Privateer Holdings, um grupo investidor especializado na produção e comercialização da cannabis. No ano passado, as vendas legais atingiram US$6 bilhões, segundo a Arcview Group, uma empresa de investimento e pesquisa de mercado. Nas estimativas da Arcview as vendas legais deverão triplicar até 2020.

No entanto, o governo dos EUA ainda mantém a cannabis na lista das substâncias controladas ilegais. As agências federais em geral respeitam as regras dos estados referentes ao consumo e à comercialização da maconha, mas as agências de aplicação da lei na presidência de Donald Trump poderão adotar uma atitude mais agressiva. Mesmo se os estados protestarem, a proibição federal dificultará os empreendimentos. Poucos bancos estão dispostos a conceder empréstimos a empresas envolvidas diretamente com a exploração da maconha. As empresas não podem fazer negócios em outros estados, nem deduzir despesas na declaração de imposto de renda, o que reduz seus lucros.

Mas apesar desses obstáculos as startups estão expandindo suas atividades. Muitas não têm um envolvimento com o cultivo da planta e beneficiam-se com o crescimento do setor, sem a imposição de regras mais rígidas. Kush Bottles, por exemplo, com sede na Califórnia, vende embalagens de produtos que cumprem os requisitos específicos do estado. Algumas empresas mais antigas também estão interessadas em investir nesses novos empreendimentos. Scotts Miracle-Gro, uma empresa de jardinagem de capital aberto, já investiu no setor com equipamentos de hidroponia, um método que permite o cultivo da cannabis em ambiente fechado, e pretende trabalhar em conjunto com empresas já estabelecidas no mercado e novas startups.

As empresas que se dedicam ao cultivo e à comercialização da maconha assemelham-se às empresas de bens de consumo tradicionais. Para contornar as proibições do comércio interestadual as empresas licenciadas terceirizam suas marcas e métodos de produção em determinados estados, como no sistema de fabricação e distribuição da Coca-Cola no mundo inteiro. E assim como as grandes empresas de alimentos cresceram no século XX, transformando ingredientes básicos em produtos saborosos e mais lucrativos, as empresas envolvidas na exploração da cannabis estão comercializando subprodutos da planta como biscoitos, balas, tinturas e óleos.

A concorrência das indústrias de cigarros é uma ameaça que paira sobre o setor. Os fabricantes de cigarros têm experiência suficiente para lidar com as regras complexas da exploração da maconha, disse Vivien Azer da empresa de serviços financeiros Cowen. Se o governo legalizar o consumo da droga, a indústria de cigarros provavelmente incorporará as empresas pequenas e de rápido crescimento. Enquanto isso, o Colorado oferece uma visão fantástica do futuro: existem mais lojas de venda de maconha no estado do que cafeterias Starbucks.
The Economist

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