SAÚDE - Brasil não usa verba destinada ao combate ao zika vírus

Chegada do verão ameaça um novo aumento no número de infecções (Foto: Andre Borges/Agência Brasília)

Ao longo dos últimos dois anos, o governo federal destinou mais de R$ 230 milhões aos estados para serem empregados no combate ao mosquito aedes aegypti, vetor das doenças dengue, zika e chikungunya.

A epidemia global da zika afetou o Brasil mais do qualquer outro país. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), foram 100 mil casos confirmados e inúmeros outros suspeitos. A epidemia levou a um a surto de microcefalia, doença que afeta o desenvolvimento do crânio do feto fazendo com que o bebê nasça com problemas cognitivos.

Porém, agentes de fiscalização enviados a cada estado pelo Ministério da Transparência para checar a implementação da verba destinada descobriram que os recursos ou foram mal gastos ou sequer foram retirados.

Alguns fatores contribuíram para isso. Um foram as leis complexas que regem o uso da verba pública. Por exemplo, os estados podem usar a verba com facilidade para comprar inseticidas, mas não bombas de fumegação e caminhões para o transporte do produto. Outro foi o fato do surto de zika coincidir com a fase mais intensa da Operação Lava Jato, o que deixou gestores temerosos de gastar verbas oriundas do governo federal em projetos de longo prazo.

“Chegou a um ponto que ninguém quer tocar nas verbas públicas. Todos estão com medo de acabarem processados ou investigados”, disse João Francalino, diretor de planejamento da Secretaria Municipal de Saúde do Acre.

Durante a fiscalização, os agentes enviados pelo Ministério da Transparência encontraram galpões lotados com caixas de inseticidas que perderam a validade sem nunca terem sido usados. Alguns galpões estavam em condições tão precárias que acabaram se tornando criadouros de aedes aegypti.

A epidemia de zika teve início em 2015, quando agentes de saúde brasileiros relataram um número sem precedentes de casos de microcefalia. Meses depois, cientistas confirmaram a ligação entre a doença e a infecção pelo zika vírus em mulheres grávidas.

Embora o número de casos tenha diminuído nos últimos meses, graças a temperaturas mais frias, a chegada do verão ameaça um novo aumento no número de infecções.The Washington Post

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