DIVISÃO TRAUMÁTICA

Índia e Paquistão: uma separação não superada

Há 70 anos, no dia 14 de agosto a Índia e o Paquistão comemoram o Dia da Independência (Foto: Google Maps)

Há 70 anos, a Índia e o Paquistão comemoram o Dia da Independência. As crianças cantam hinos nas escolas, políticos fazem discursos e soldados empunham seus sabres. Os dois países também compartilham um ritual mais silencioso e introspectivo das lembranças da migração forçada de indianos e muçulmanos para os dois novos países, que causou um conflito violento com a morte de milhares de pessoas. Mas depois, mais uma vez, essas lembranças caem em um esquecimento conveniente.

Setenta anos depois que o governo britânico concedeu independência à Índia Britânica e a dividiu em dois países independentes, a Índia de maioria indiana e o Paquistão, com uma população predominantemente muçulmana, o esquecimento mútuo é um reflexo da não percepção dos conflitos que ainda se encontram latentes, ou talvez de um mecanismo de defesa. O mais difícil é assimilar a ideia que um país possa ser dividido com base na religião.

A disputa territorial de Caxemira é um bom exemplo dos conflitos causados pela partição da Índia em 14 de agosto de 1947. Desde a independência, os indianos e paquistaneses já se enfrentaram em três guerras pela conquista de territórios de Caxemira.

Até há pouco tempo, a Índia também enfrentou problemas de fronteiras com Bangladesh. Na divisão territorial da Índia, alguns enclaves do Paquistão Oriental distribuíram-se de uma maneira anômala, como Bangladesh que conquistou a independência do Paquistão em 1971. Por fim, em 2015 os dois países corrigiram as irregularidades com uma complexa troca de territórios e de população.

Mas muitos dos desafios latentes da divisão da Índia Britânica não se referem a fronteiras físicas, como a história do fundo de Hyderabad. Em 1948, Nizam de Hyderabad, governante de um dos estados mais ricos da Índia, enviou emissários a Londres com a missão de transferir £1 milhão para o governo do Paquistão como pagamento do fornecimento de armas. Devido um problema político, o dinheiro não foi transferido. Hoje, a quantia depositada em um banco em Londres avaliada em £35 milhões (U$45 milhões) é alvo de disputa entre a Índia, o Paquistão e herdeiros de Nizam.

Com frequência, os muçulmanos sofrem discriminação do governo indiano. No Dia da Independência, o governo do Partido do Povo Indiano (BJP) em Uttar Pradesh deu ordens às escolas muçulmanas de fazerem vídeos como prova que os alunos haviam cantado o hino nacional.

De certa forma, a partição da Índia continua a ser um processo inacabado de separação, embora não tanto no sentido territorial, e sim na mente de pessoas divididas por suas crenças religiosas.The Economist

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