VALE DO SILÍCIO

Google e a polêmica da discriminação de gênero

O assunto no Vale do Silício é agora a discriminação de gênero (Foto: Pixabay)

Agora, o assunto no Vale do Silício gira em torno da discriminação de gênero. As mulheres nas empresas do setor de tecnologia se ressentem de não ocupar cargos importantes, de às vezes terem salários inferiores aos dos homens e de sofrerem assédio sexual. A maioria dos colegas acha que as mulheres têm razão, mas, ao mesmo tempo, alguns sentem que não devem expressar opiniões pouco ortodoxas sobre gênero. E estão certos, porque as regras escritas ou não referentes ao julgamento pessoal precisam ser cumpridas.

O clima tenso explica o motivo do memorando “Google’s Ideological Echo Chamber” de um jovem engenheiro de software, James Damore, ter causado tanto tumulto. Em sua mensagem, Damore disse que os esforços da empresa para contratar mais mulheres eram tendenciosos. Depois de circular internamente, o memorando viralizou nas redes sociais. Em 7 de agosto, Damore foi demitido. Segundo Sundar Pichai, CEO do Google, ele baseou-se em “ideias preconcebidas e falsas generalizações em relação ao gênero no local de trabalho”.

Pichai teve boas razões para demitir Damore. Uma delas é o conteúdo do memorando. O texto cita que “todos somos de certa forma tendenciosos” e que “uma discussão sincera com os que discordam das opiniões alheias pode esclarecer pontos obscuros ou confusos”. Mas essas frases foram apenas uma camuflagem diante de um enfático “mas”: o argumento que as diferenças inatas, em vez da discriminação de gênero, explicam por que as mulheres têm um desempenho inferior ao dos homens no setor de tecnologia. “A ansiedade e menos tolerância ao estresse”, escreveu Damore, “são fatores que​​ contribuem para o menor número de mulheres em cargos executivos importantes”.

Existem, é claro, diferenças de personalidade e interesses entre os sexos. Porém, dizer que essas diferenças influenciam o desempenho profissional das mulheres é um raciocínio pueril. Quanto aos pontos obscuros ou confusos, embora tenha usado repetidamente as palavras “discriminar” e “discriminação”, o contexto de Damore referiu-se à injustiça praticada contra os homens na contratação de mais mulheres pelas empresas de tecnologia.

Pichai também teve argumentos legais que apoiaram sua decisão de demitir Damore. A Constituição dos EUA defende o direito de liberdade de expressão em locais públicos, mas em uma empresa esse direito é limitado pelas regras internas definidas por seus executivos. Depois dos comentários machistas de Damore, as mulheres poderiam se recusar a trabalhar com ele e abrir um processo judicial por danos morais.

Ainda assim, Larry Page, o cofundador do Google e CEO do Alphabet, deveria ter escrito um documento detalhado refutando os argumentos de Damore, em vez de apenas demiti-lo. Com isso, o Google teria não só defendido a posição de suas funcionárias, como também teria demonstrado respeito à liberdade de expressão, mesmo de opiniões pouco ortodoxas.The Economist

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