MEDIDA INÉDITA

Exército treina mulheres para combate pela 1ª vez

Antes de receber as alunas, a escola se preparou ao longo do ano passado para a presença feminina (Foto: Pixabay)

Na Escola Preparatória de cadetes do Exército (EsPCEx), em Campinas, 37 alunas são as primeiras mulheres brasileiras a serem treinadas para combate pelo Exército Brasileiro. O Exército existe desde 1648, mas só neste ano foi inaugurada a presença feminina na linha bélica da força. No entanto, elas só podem escolher entre a formação de Material Bélico (logística) e Intendência (ligada à administração) quando chegam à Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), pelo menos por enquanto. A informação é do Estadão.

A EsPCEx é a porta de entrada para a formação de oficiais combatentes. A Aeronáutica já forma mulheres oficiais desde 1996 e a Marinha, desde 2014. No Exército, elas compunham apenas quadros auxiliares, em funções administrativas ou de saúde. De 2006 a 2016, houve um aumento de 82% no número de mulheres no Exército. Em 2006, eram 4.447 mulheres, e no ano passado, eram 8.110. Elas, no entanto, só podiam estar nos quadros complementares. Agora, elas finalmente podem treinar para o combate, prosseguir para a Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) e chegar até ao posto de general.

Antes de receber as alunas, a escola se preparou ao longo do ano passado para a presença feminina. Pode haver namoro entre alunos, desde que o comandante seja informado e que não haja demonstração de relação afetiva dentro da escola. Em caso de gravidez, pede-se uma licença, e em caso de menstruação, um médico avalia casos em que a aluna não se sinta apta a treinos físicos. “Foram as discussões mais demoradas, pois nada disso era previsto em regulamento”, explica o coronel Marcus Alexandre Fernandes de Araújo, comandante da EsPCEx.

Oito militares mulheres (três tenentes e cinco sargentos de outros lugares do Brasil) foram convocadas para ajudar no preparo da escola. Elas foram até as academias da Aeronáutica e da Marinha, que já têm essa experiência. “Uma das questões a esclarecer foi o índice a ser alcançado para instruções físicas, que não pode ser igual para homens e mulheres, por causa das diferenças de biótipo entre os sexos”, diz a tenente Vanessa Jorge, uma das instrutoras que vieram a Campinas. “A medida é o esforço. Há estudos que quantificam quanto se exige para uma tarefa, e com base neles definimos o que é o equivalente para cada sexo. O esforço para um homem fazer 20 flexões, por exemplo, pode ser o equivalente ao que uma mulher gasta para 10”, explica a tenente.

Homens e mulheres ficam lado a lado, seja em aulas teóricas ou em treinamentos militares. A única separação ocorre no alojamento. Até agora, a média das alunas está acima da dos homens.

No primeiro ano, todos seguem o mesmo currículo, mas depois, quando entram na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), os homens podem escolher entre Infantaria, Cavalaria, Artilharia, Material Bélico (logística) e Intendência (ligada à administração), enquanto as mulheres só podem escolher entre as duas últimas, pelo menos durante essa fase de adaptação. “Seis países latino-americanos permitem que as mulheres escolham qualquer arma. Então o Brasil ainda está atrasado, na comparação. De todo modo, é preciso destacar o mérito dessa abertura. É um avanço”, diz a pesquisadora Renata Giannini, do Instituto Igarapé, que estuda as mulheres nas Forças Armadas há dez anos.Estadão

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