VENEZUELA CRISE

Ex-procuradora diz que entregará provas contra Maduro a outros países

EFE/Joedson Alves

A ex-procuradora-geral da Venezuela Luisa Ortega Díaz, que deixou Caracas após ser acusada de traição pelo governo, afirmou nesta quarta-feira que entregará a outros países provas de corrupção contra os principais dirigentes chavistas e contra o presidente Nicolás Maduro.

Ortega Díaz disse ter sido destituída de seu cargo pela vontade dos chavistas de esconder os fatos de corrupção na Venezuela e atribuiu a perseguição política da qual tem sido vítima às investigações em andamento sobre as propinas pagas pela Odebrecht.

"Tenho provas do caso Odebrecht que comprometem Maduro, Diosdado Cabello, Jorge Rodríguez e outros", afirmou Ortega Díaz na abertura de uma reunião de procuradores-gerais dos países-membros e associados do Mercosul em Brasília, onde disse que denunciar ao mundo a situação de "corrupção desmedida" na Venezuela.

"Vou entregar as provas que temos às autoridades de diferentes países, como os Estados Unidos, a Colômbia e a Espanha, para que sejam examinadas porque na Venezuela não há justiça, na Venezuela é impossível que se investigue qualquer fato de corrupção ou de narcotráfico. Como consequência, a comunidade internacional tem que investigar esses casos", explicou a Ortega Díaz.

A ex-procuradora-geral citou, entre outros, uma empresa mexicana que seria de propriedade de Maduro e que foi contratada pelo governo da Venezuela para distribuir as chamadas CLAP, cestas básicas entregues às pessoas de baixa renda no país.

"No caso Odebrecht, detectamos que depositaram para Diosdado Cabello US$ 100 milhões em uma empresa que seria espanhola, chamada TSE Arietis, cujos proprietários são seus primos", revelou.

A ex-procuradora-geral, dissidente do chavismo, disse que todas essas provas estão à disposição dos países que as quiserem.

Ortega Díaz também criticou a Assembleia Nacional Constituinte da Venezuela, que a destituiu do cargo, e afirmou que sua demissão foi um ataque ao Ministério Público e contra as demais instituições que ainda eram independentes no país.

"Essa Constituinte tem poderes para processar, para perseguir, para condenar, para, como uma inquisição, tomar decisões e condenar qualquer cidadão que seja um adversário político", afirmou.

A ex-procuradora-geral aproveitou o fórum multinacional para solicitar os países da região e os órgãos internacionais que exijam que a Venezuela que respeite a Constituição e revogue a Constituinte com superpoderes, apesar de ter sido eleita com menos de 2 milhões de votos e em meio a denúncias de fraude.

Na avaliação de Ortega Díaz, o fato mais grave é que a situação da Venezuela ameaça outros países da região.

"Na Venezuela, o que ocorreu é a morte do direito. A estabilidade da região está em perigo. O que ocorre na Venezuela pode permear toda a região", afirmou Ortega Díaz, que foi tratada no evento de hoje como a "procuradora legítima" do país.

Sobre o futuro, a ex-procuradora disse que retornará à Colômbia para avaliar a oferta de asilo político que recebeu do governo, mas ressaltou que sua intenção é percorrer o mundo para denunciar o que está ocorrendo na Venezuela.

Além das recorrentes violações dos direitos humanos, Ortega Díaz destacou que a corrupção do governo "trouxe consigo outros problemas, que impedem que o venezuelano tenha acesso a alimentos, à saúde e aos medicamentos mais básicos".

Ortega Díaz disse que, após ser destituída de forma ilegítima por investigar a corrupção na Venezuela, foi substituída por uma pessoa contra quem existem seis casos por corrupção.

"Fui afastada ilegitimamente do meu cargo e foi designada uma pessoa para ocupar as funções de procuradora-geral da República que tem seis casos de corrupção. A primeira coisa feita foi pedir o sobrestamento desses casos", disse.

Segundo Ortega Díaz, o novo procurador-geral da Venezuela, Tarek Saab, é acusado por desvios na petroleira estatal PDSVA. Ela alertou ao sucessor de que de nada adiantará arquivar os processos e esconder as provas, já que fez cópias certificadas dos documentos que o comprometeriam nesses casos.

A ex-procuradora-geral venezuelana chegou ao Brasil na madrugada desta quarta-feira, poucas horas depois de Maduro ter anunciado que pedirá que ela e seu marido, o deputado chavista Germán Ferrer, sejam presos.EFE

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