MEIO AMBIENTE

China proíbe importação de ‘lixo estrangeiro’

Com frequência, os resíduos recicláveis contêm substâncias poluentes (Foto: Pixabay)

A China é o maior consumidor mundial de matérias-primas. Todos os anos, o governo chinês compra bilhões de toneladas de petróleo bruto, carvão e minério de ferro. Mas existe um mercado de commodities em que o país em breve desempenhará um papel menos dominante: a compra de resíduos sólidos. No mês passado, a China informou à Organização Mundial do Comércio que até o final do ano cancelará as importações de 24 categorias de resíduos sólidos, como parte de uma campanha do governo contra o “lixo estrangeiro”.

Segundo autoridades do governo, essa medida visa proteger o meio ambiente e melhorar a qualidade da saúde da população. Porém, prejudicará uma atividade que movimenta bilhões de dólares e fornece emprego a muitos recicladores de lixo. Mas o governo está decidido a manter sua política de combate à poluição ambiental causada em grande parte pelo crescimento econômico acelerado.

A China é um importante centro mundial de reciclagem de lixo. Em 2016, o país importou 45 milhões de toneladas de sucata, papelão e plástico, em um total de mais de US$18 bilhões. Com essas importações as empresas chinesas têm acesso a um estoque constante de materiais reciclados, muitas vezes mais baratos e que exigem um consumo menor de energia. O aço reciclado, por exemplo, consome 60% menos de energia do que o aço produzido a partir de minério de ferro no país.

Esses benefícios econômicos têm, é claro, um custo. Com frequência, os resíduos recicláveis contêm substâncias poluentes, perigosas para a saúde. Em 2002, as autoridades chinesas enfrentaram duras críticas depois que um documentário mostrou trabalhadores da província de Guangdong desmontando equipamentos eletrônicos e jogando os componentes tóxicos em um rio. Um filme mais recente, Plastic China, descreveu os danos ambientais causados ​​pelas fábricas de reciclagem de plástico, que, em geral, não têm um controle adequado de poluição ambiental. Em 2013, diante da crescente pressão da opinião pública, o governo realizou a operação “Green Fence”, com o objetivo de impedir a importação de resíduos ilegais e de baixa qualidade por meio de inspeções mais rigorosas de navios. Em fevereiro, a Administração Geral das Alfândegas realizou a operação “National Sword” destinada a impedir a entrada, sobretudo, de resíduos industriais, eletrônicos e plásticos.

O governo insiste em dizer que a redução da importação de resíduos sólidos e a triagem do material importado é uma medida de proteção ao meio ambiente. Mas, segundo analistas, a maior parte dos resíduos reciclados por empresas chinesas é proveniente de fontes domésticas e não de importações. Quanto ao destino dos resíduos que, em breve, não constarão mais da lista de importações da China, os de melhor qualidade serão comprados por países como Malásia, Vietnã e Indonésia. O resto será jogado em aterros sanitários, áreas licenciadas por órgãos ambientais destinadas a receber resíduos sólidos urbanos e provenientes de atividades industriais.The Economist

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