SAÚDE - Associação quer banir bebidas alcoólicas dos mercados neozelandeses

Segundo a presidente da NZMA, álcool é pior que heroína, maconha e metanfetamina (Foto: Wikimedia)

A Associação Médica da Nova Zelândia (NZMA, na sigla em inglês) exortou o governo do país a retirar as bebidas alcoólicas das prateleiras dos supermercados, afirmando que a venda deste produto junto a produtos alimentícios normaliza o consumo de uma perigosa droga.

Segundo o órgão, tal normalização fazem do consumo do álcool algo fácil e barato, o que leva o cliente a colocar uma garrafa de sauvignon blanc no carrinho sem pensar duas vezes, da mesma forma como faz com pães, leite e papel higiênico.

De acordo com a NZMA, meio milhão de neozelandeses consomem álcool de forma abusiva, o que lota as salas de emergência dos hospitais do país nos finais de semana de casos ligados ao consumo de álcool. Segundo a associação, cabe ao governo combater tal consumo excessivo, uma posição apoiada por vários outros órgãos de saúde do país.

Segundo a médica Kate Baddock, presidente da NZMA, evidências sugerem que o álcool é pior que metanfetamina, maconha e heroína, porque é uma droga psicoativa viciante e barata. “O álcool contribui para a violência doméstica, muitos tipos de câncer e acidentes de carro. Se você coloca álcool ao lado de pão e leite, você basicamente está dizendo que consumir álcool é o mesmo que consumir pão e leite diariamente”, diz a médica, ressaltando que a venda de álcool nos supermercados é uma tentação diária para alcoólatras em recuperação.

Os neozelandeses são fortes consumidores de álcool, com uma média de consumo de 10 litros de puro álcool por ano, ou seja, levando-se em conta apenas a graduação alcoólica. Segundo Nicki Jackson, diretora da Alcohol Healthwatch, organização destinada a combater o consumo abusivo de álcool. Tal média é a mesma da Austrália, porém maior que a dos EUA e do Reino Unido.

No Reino Unido, o álcool também está amplamente disponível nos supermercados, mas na Austrália ele é vendido apenas em alguns supermercados, sob condições especiais. Segundo Jackson, no ano passado o consumo abusivo de álcool gerou ao país um custo de 5 bilhões de dólares neozelandeses referentes a ações policiais, ferimentos e doenças de longo prazo ligadas ao álcool.

Sally Casswell, professora e especialista em saúde pública e pesquisas sociais da Universidad de Massey, na Nova Zelândia, afirmou, em entrevista ao Guardian, que é a favor do maior controle sobre a venda de bebidas alcoólicas.

“Tratar o vinho nesse contexto, como parte normal da experiência de compras, é um processo de normalização. Também há evidências sobre o impacto nas crianças gerado pela venda do álcool no varejo. Na Nova Zelândia, as crianças são expostas à venda de álcool em 85% de suas idas aos supermercados”, disse Casswell, ressaltando que o ideal seria a venda feita apenas em lojas especiais, combinada com uma forte regulamentação, como ocorre na Noruega.

Em entrevista ao Guardian, Antoinette Laird, porta-voz da Foodstuffs, que controla a maior cadeia de supermercados da Nova Zelândia, refutou as declarações, afirmando já haver em vigor fortes restrições à compra de álcool em suas lojas. “A maioria dos nossos clientes é composta por consumidores responsáveis e consideramos que comprar álcool junto com alimentos é uma forma responsável de fazer compras”, disse Laird.The Guardian

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