INTERNACIONAL - México se torna destino para migrantes

Cerca de 300 mil centro-americanos vivem no México (Foto: Pixabay)

O rio Suchiate situa-se na área mais ao sul da fronteira do México com a Guatemala. A travessia do rio para Ciudad Hidalgo pode ser feita pela ponte vigiada por funcionários da imigração, ou por balsas alugadas na margem do rio. Muitos passageiros são guatemaltecos atraídos por um comércio mais barato em Ciudad Hidalgo. Essas balsas também são usadas pelos centro-americanos para entrar nos EUA. Mas o número de migrantes diminuiu nos últimos meses em razão da política anti-imigração do governo Trump.

Agora, para as pessoas que fogem da violência e pobreza de El Salvador, Guatemala e Honduras, o chamado Triângulo Norte da América Central, o México não é mais um caminho de passagem para os EUA, e sim um lugar onde se sentem seguras e podem requerer asilo.

Nos primeiros seis meses deste ano, 7 mil migrantes, quase todos da América Central, solicitaram asilo no México, um número bem maior do que os 9 mil requerentes em 2016. Apesar desse fluxo mais intenso de migrantes, a experiência do México não se compara à crise de refugiados na Europa. A Alemanha, cuja população e território são bem menores, recebeu 750 mil pedidos de asilo em 2016. Em teoria, o México concede asilo a pessoas perseguidas por conflitos raciais, convicções religiosas e políticas, e discriminação de gênero. Mas o fluxo migratório tem causado problemas.

Cerca de 300 mil centro-americanos vivem no México. A oportunidade de conviver com seus compatriotas e de falar uma língua comum atraem os migrantes. Além disso, oprocesso de concessão de asilo é bem mais rápido do que nos EUA e no Canadá. Mas os sinais externos de receptividade aos migrantes escondem um ambiente às vezes bastante hostil.

Segundo Maureen Meyer, da ONG Washington Office on Latin America (WOLA), “o governo priorizou a detenção e a deportação de migrantes, sem um critério de seleção justo”. Em 2014, o México deportou 77 das 100 crianças que entraram no país desacompanhadas. Os migrantes são vítimas de discriminação e assaltos. De acordo com um relatório recente da WOLA, a violência crônica contra eles raramente é punida. Mais de metade das mulheres migrantes da América Central são vítimas de agressão sexual e as autoridades deportam filhos de migrantes nascidos no México, apesar das leis do país.

O governo, pressionado por ativistas e por um movimento dos próprios migrantes, decidiu adotar medidas mais receptivas à entrada de estrangeiros no país. A Procuradoria-geral da República criou um departamento para investigar crimes cometidos contra os requerentes de asilo. O presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, prometeu implementar iniciativas para promover a integração dos migrantes à sociedade e de aumentar a equipe de funcionários da Comissão Mexicana de Ajuda a Refugiados (Comar), responsável pelo bem-estar dos requerentes de asilo e da aplicação das regras de concessão de asilo. Desde 2008, a entrada e permanência no país sem documentos legais não é mais considerada um crime. A taxa de concessão de asilo aumentou de 40% em 2014 para 63% no ano passado.

A América Central deveria ser “a principal preocupação da política externa” do México, disse Gustavo Mohar, ex-subsecretário de População e Assuntos Migratórios do Ministério do Interior do México. É preciso encontrar formas de diminuir a pobreza e a violência, que obrigam as pessoas a abandonarem suas casas em busca de um futuro melhor.The Economist

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