INVESTIGAÇÃO - Marinha de Israel enfrenta escândalo de corrupção

Detalhes sobre compra de submarinos alemães estão causando um escândalo (Foto: Flickr/Poder Naval)

Sob custódia da polícia israelense, Michael Ganor, um capitão da reserva da Marinha, está escrevendo um depoimento explosivo. O relato não abordará suas experiências em alto-mar, e sim seus contatos com generais e políticos corruptos. Ganor era o representante da empresa ThyssenKrupp, um grupo industrial alemão em Israel, e foi intermediário no comércio de armas nos últimos anos entre Israel e a Alemanha. Em 21 de julho, Ganor assinou um acordo de delação com o Ministério da Justiça de Israel, em troca de cumprir uma pena reduzida de um ano de prisão e pagar uma multa de 10 milhões de shekels (US$2,8 milhões).

Os casos de corrupção envolvendo figuras importantes na vida pública em Israel e políticos de alto escalão não surpreendem. Um ex-primeiro-ministro, Ehud Olmert, foi preso no ano passado acusado de aceitar subornos. Mas desta vez os relatos de corrupção envolvem as Forças de Defesa de Israel (IDF), a mais respeitada instituição do país, e os comandantes das IDF são nomes conhecidos dos israelenses. Por esse motivo, os detalhes de como milhões de shekels trocaram de mãos na compra de submarinos alemães estão causando um escândalo. Junto com Ganor, um ex-comandante da Marinha e um ex-general de brigada também foram presos como principais suspeitos. Mais generais serão interrogados nas próximas semanas

Assim como Ganor, os militares da reserva das IDF são contratados como representantes de empresas israelenses e estrangeiras, em razão da rede de contatos que fizeram ao longo de suas carreiras e do conhecimento de contratos cujas especificações foram elaboradas por antigos colegas. A linha tênue na relação entre as forças armadas de Israel e a indústria de armas permite que o país desenvolva armas especiais, como sistemas avançados de defesa de mísseis e aviões-robô sofisticados para ataques letais. Mas também abre a porta para a corrupção.

A investigação não se limita à participação de oficiais das forças armadas na compra de submarinos alemães. Um dos principais suspeitos é o advogado pessoal do primeiro ministro, Benjamin Netanyahu, e primo em segundo grau, David Shimron, que também era advogado de Ganor. Outro suspeito, o general de brigada da reserva, Avriel Bar-Yosef, nomeado chefe do Conselho Nacional de Segurança por Netanyahu em fevereiro de 2016, renunciou ao cargo antes que o escândalo viesse a público.

Netanyahu autorizou a compra de um número maior de submarinos do que o recomendado pelo Ministério da Defesa, porém negou que soubesse do envolvimento de seu advogado nas negociações com a empresa ThyssenKrupp.

Há um ano, a polícia acusou o primeiro-ministro de fraude e suborno por ter aceitado presentes caros de empresários, que, segundo ele, eram seus “amigos íntimos”, mas a decisão de processá-lo cabe ao procurador-geral. Netanyahu é enfático ao negar qualquer tipo de ato fraudulento e seus aliados afirmam que o processo judicial não interferirá na continuidade de seu mandato. Então, a pergunta não é mais, “O que o primeiro-ministro sabia, ou como poderia ter se beneficiado?”, mas sim “Como tem condições de continuar a governar Israel?”
The Economist

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