BRASIL- Como o ‘quem indica’ afeta a população negra

Mesmo se negros e brancos tiverem a mesma experiência, é o que tem maior capital social que vai se sair melhor (Foto: Pixabay)

Enquanto 94,2% dos cargos executivos são ocupados por profissionais brancos, apenas 4,7% dos cargos são ocupados por negros. Estes números são da pesquisa do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Instituto Ethos lançada em 2016. Considerando que 113 milhões de brasileiros (55,4% da população) se declaram negros ou pardos, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), a diferença nos números não faz sentido.

Mas não é só nos cargos de alto escalão, que a presença dos negros é baixa. Na área de supervisão, 72,2% dos cargos são ocupados por profissionais brancos e 25,9% por negros. Nos cargos acima de estagiários e trainees, o número de brancos é de 62,8%, enquanto o de negros é de 35,7%.

Segundo Emerson Rocha, doutor em Sociologia pela Universidade de Brasília (UnB), a ausência de contatos em posição de influência pode ser determinante para que uma pessoa consiga um emprego ou uma promoção. “Os negros têm menos acesso a redes de contato ou a um capital social influente para subirem na carreira. E em uma sociedade como a nossa isso é fundamental para uma indicação a um posto de comando”, afirma Rocha.

Logo, mesmo se negros e brancos tiverem a mesma experiência, é o que tem maior capital social que vai se sair melhor. O sociólogo explica que o indivíduo depende de capitais pessoais, como o econômico, o cultural e o social para se dar bem na carreira. “O econômico refere-se ao dinheiro que você dispõe para custear sua sobrevivência e educação. O cultural vem da origem da família e o quanto ela influencia o próprio indivíduo – por exemplo, o fato de os pais terem curso superior aumenta a chance de seu filho também vir a ter”, diz Rocha.

Como três quartos da população menos favorecida é formado por negros, segundo o Instituto Econômico de Pesquisa Aplicada (Ipea), é exatamente esta parcela da população que não consegue progredir na carreira.

Na famosa rede de contatos, uma pessoa costuma se aproximar de outra por acreditar que esta conexão pode lhe trazer oportunidades ou amizades interessantes. “É a base da lógica do networking. E, por já chegar ao mercado de trabalho com pouco capital social, o negro fica em grande desvantagem para fortalecer sua rede. O preconceito sugere que, com um negro, se está diante de alguém com baixo capital social”, diz Rocha.BBC

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A surpreendente cratera de Xico

Por que não enxergamos estrelas verdes ou roxas?

Egípcia posa nua em blog e provoca indignação